Arquivo para eixo Brasil-França

A moda no eixo Brasil-França

Posted in Moda with tags on maio 31, 2010 by gotasdemodaearte

Durante muito tempo, a moda francesa foi destaque para consumidores e criadores dos mais diversos países, sendo até mesmo copiada como símbolo de inovação máxima. Com o surgimento dos cursos de Moda no Brasil, nosso mercado ganhou espaço e valorização, mas nunca deixou de lado a fonte de inspiração européia sempre adaptando as modelagens e os tecidos ao nosso padrão de consumo. Nossos produtos também passaram a ser aceitos e exportados sempre levando em conta a exigência do público consumidor.

A França é o berço da moda clássica e dos grandes estilistas. Por muitos anos ditou a moda para o mundo e foi altamente copiada por outros países – e ainda é. Apesar disso, há uma grande diferença entre os produtos franceses e brasileiros quanto aos tecidos, modelagens e acabamento.

Os consumidores brasileiros certamente são influenciados pela moda européia e buscam sempre consumir produtos inspirados nela. Quanto ao preço, “na França existem lojas extremamente baratas, que vendem roupas a no máximo 15-20 euros, em sua maioria voltada para um público mais jovem, porém são roupas de qualidade muito baixa”, diz Amel Saadi, estudante de moda que morou na França por um ano.

As lojas citadas acima, chamadas de fast fashion, são cada vez mais procuradas por pessoas que querem usar as tendências do momento gastando pouco dinheiro. Na Europa, a produção das peças das grandes cadeias de moda rápida é feita nos países onde a mão de obra é mais baixa, como no leste europeu e na Ásia. O intuito destas marcas é levar o “novo” aos consumidores o mais rápido e com o menor custo possível, portanto, a preocupação maior não é com o acabamento das roupas. Há quem diga que as equivalentes brasileiras – C&A, Renner, Riachuelo e outras – apresentem peças de melhor qualidade do que as internacionais. Isabel Borges, que morou em Paris, discorda, e acredita que em todas as lojas desse gênero a qualidade das roupas seja ruim.

Entretanto, as lojas de fast fashion européias são visivelmente mais baratas do que as brasileiras – ainda mais se levarmos em conta o salário mínimo francês em contraposição com o brasileiro. Na França, o salário mínimo é de 1300 euros, e uma camiseta da loja H&M que custa 10 euros equivale a 0,76% deste valor. Já no Brasil, o salário mínimo é de R$ 510, e uma camiseta da C&A de R$ 20 é equivalente a 3,92% do salário. Considerando o poder aquisitivo da população, o valor das roupas em lojas de departamento consideradas baratas é cinco vezes mais caro em solo brasileiro.

Ainda há no Brasil uma grande busca por produtos inspirados nos europeus. Contudo, existe diferença no acabamento e na modelagem das peças, especialmente na moda praia. Enquanto a regra por aqui é cobrir o mínimo possível, no Velho Mundo o conservadorismo ainda prevalece, e as roupas de banho são maiores e mais comportadas. Ainda assim, o modelo brasileiro de biquínis é o mais procurado em todo o mundo – com as devidas alterações para atender ao público mais exigente.

Assim como o consumidor brasileiro importa da França, a indústria brasileira exporta para lá. Algumas marcas de calçados, como Melissa e Havaianas, e de roupas, a exemplo de Carlos Miele, Alexandre Herchcovitch e Isabela Capeto fazem muito sucesso entre o público francês. Porém, como toda importação, custam muito mais caro para o país importador. Um par de Havaianas, por exemplo, custa no Brasil por volta de R$ 20, na França não sai por menos de 20 euros (equivalente a aproximadamente R$ 45).

Izabela Carvalho, responsável pela área de exportação da Coven, acredita que os compradores preferem as peças mais conceituais das coleções e exigem pontualidade para a entrega dos pedidos. Ela também acredita que um trabalho de relações públicas da empresa é muito importante para consolidar uma marca no mercado estrangeiro e ajuda a abrir portas.

A moda brasileira está cheia de referências e inspirações francesas, porém não pode ser considerada cópia. A França também consome produtos brasileiros por serem diferentes, versáteis e trazerem frescor à moda clássica francesa.